Na noite deste domingo, 29 de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou o horário oficial de rádio e televisão para anunciar que cálculos da Receita Federal indicam injeção adicional de R$ 28 bilhões na economia a partir da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda. A medida, sancionada na quarta-feira, 26, começará a vigorar em janeiro de 2026 e beneficiará contribuintes que deixarão de recolher o tributo sobre a renda mensal. Segundo o Palácio do Planalto, o objetivo é aumentar o poder de compra de trabalhadores e da classe média, elevando o consumo interno.

A nova legislação eleva o limite de isenção do IR para pessoas físicas, corrigindo a tabela em cerca de 60% acima da inflação acumulada desde 2015. A proposta foi enviada pelo Executivo ao Congresso Nacional em março e aprovada por unanimidade tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal. Para compensar a renúncia fiscal estimada em R$ 38 bilhões por ano, o governo criou alíquota adicional de 15% sobre rendimentos anuais superiores a R$ 1 milhão, mantendo a progressividade do sistema. A Receita projeta que 15,8 milhões de declarantes deixarão de pagar IR, enquanto 1,2 milhão de contribuintes de maior renda terão acréscimo de carga tributária.

As mudanças ocorrem em um momento em que a administração federal busca sinalizar recuperação econômica antes do ciclo eleitoral de 2026. Lula citou durante o pronunciamento que o país retornou ao grupo das dez maiores economias globais e que o salário mínimo teve ganho real nos últimos três anos. O discurso enfatizou que a desigualdade de renda atingiu o menor patamar histórico, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, embora o Brasil continue entre as nações mais desiguais do mundo. O presidente afirmou ainda que a reforma tributária em discussão no Congresso prevê a unificação de tributos sobre consumo, mas que o ajuste no IR representa a primeira etapa de uma promessa de campanha.

Especialistas em contas públicas alertam que o impacto sobre as finanças dependerá da trajetória da arrecadação e do crescimento do Produto Interno Bruto. O Tesouro Nacional já incorporou a renúncia fiscal no Orçamento de 2026, mantendo a meta de resultado primário em patamar próximo de equilíbrio. O setor produtivo reagiu de forma cautelosa: associações do comércio e da indústria reconhecem potencial de aumento das vendas, mas aguardam medidas complementares para reduzir custos logísticos e ampliar investimentos. O governo informou que acompanhara trimestralmente os efeitos da medida e, se necessário, proporá ajustes na alíquota adicional sobre altos rendimentos para preservar a sustentabilidade fiscal.

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