O Índice de Gerenciamento de Compras (PMI) industrial calculado pelo ISM recuou de 48,7 em outubro para 48,2 em novembro, afastando-se da marca de 50 que separa expansão de contração e frustrando projeções que apontavam reversão para 49,2. A leitura prolonga o período de retração da indústria norte-americana iniciado em setembro e reforça a percepção de que o setor produtivo tem atuado como freio na atividade econômica do país, com reflexos diretos sobre cadeias de fornecimento, emprego fabril e confiança empresarial.

O contexto macroeconômico explica parte da fraqueza: a política monetária contracionista do Federal Reserve, que elevou a taxa de juros de referência de 0,25% para 5,50% desde março de 2022, encarece o financiamento de máquinas, inventários e embarques. A inflação, ainda que desacelerada de 9,1% para cerca de 3%, mantém custos de insumos elevados, enquanto a demanda global por bens duráveis desacelera. Dentro do PMI, os subíndices de novas encomendas e emprego permaneceram abaixo de 50 pela terceira vez consecutiva, indicando que fábricas continuam ajustando quadro de pessoal e reduzindo turnos extras. A produção caiu 2,1 pontos para 47,8, e os estoages de clientes caíram a 44,9, sinalizando cautela para recomposição de estoques no curto prazo.

Para a economia doméstica, a contração industrial reduz o dinamismo do PIB, já que o setor responde por cerca de 11% do valor adicionado total. Menor atividade fabril implica menor demanda por energia, transporte e serviços logísticos, o que contribui para desacelerar a geração de empregos formais e pressionar os salários reais. Além disso, exportações de bens manufaturados perdem competitividade em um momento em que a China e a zona do euro também mostram fragilidade, limitando o impulso externo. Empresas relatam encomendas canceladas de equipamentos e peças, o que retroalimenta o ciclo de cautela entre fornecedores e compradores.

Olhando para os próximos meses, o canal de expectativas do próprio PMI mostra que apenas 17% dos gestores esperam alta da produção em dezembro, contra 28% que projetam queda. A política de “higher for longer” do Fed, que mantém os juros elevados por tempo indeterminado, continua sendo o principal fator de risco citado nas justificativas escritas dos respondentes. Embora o setor de serviços ainda expanda, a desaceleração industrial eleva a probabilidade de que o crescimento do PIB no 4º trimestre fique abaixo da casa de 2% anualizado, cenário que deve levar o banco central a monitorar de perto os dados de emprego e inflação antes de sinalizar qualquer mudança no rumo da política monetária.

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