A recuperação judicial no agronegócio brasileiro tem sido um tema de grande relevância nos últimos tempos, afetando diretamente a concessão de crédito para os produtores rurais. De acordo com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Campos, essa situação é um dos principais desafios que os bancos enfrentam ao conceder créditos para os agricultores. O aumento dos pedidos de recuperação judicial no setor agrícola tem gerado uma maior rigidez nos critérios de concessão de crédito, tornando mais difícil para os bancos liberar recursos para os produtores.
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O contexto econômico atual contribuiu para o aumento dos pedidos de recuperação judicial. A inflação, que atingiu níveis altos em 2022 e 2023, aumentou a carga de juros para os produtores, tornando mais difícil para eles se manterem no mercado. Além disso, a crise econômica global e a pandemia de COVID-19 afetaram a demanda por produtos agrícolas, reduzindo a rentabilidade dos agricultores. De acordo com os dados da Serasa Experian, os pedidos de recuperação judicial no segundo trimestre de 2023 aumentaram 31,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo um total de 565. Essa alta foi ainda maior em relação ao primeiro trimestre, com um aumento de 45,2%.
A facilidade com que os pedidos de recuperação judicial são aprovados em primeira instância judicial, mas não no longo prazo, é um fator que contribui para a instabilidade do crédito agrícola. Como afirmou Guilherme Campos, existe uma tendência de escritórios de advocacia a oferecer soluções para reduzir a dívida, o que pode não ser a melhor opção para os produtores. Além disso, a falta de garantias e a rigidez nos critérios de concessão de crédito tornam mais difícil para os bancos liberar recursos para os agricultores. O Banco do Brasil, o maior financiador do agronegócio, tem sido um dos principais afetados dessa situação, esperando um ponto de inflexão na inadimplência do agronegócio a partir do começo do próximo ano.
A situação atual do crédito agrícola reflete uma maior complexidade no setor, com uma maior rigidez nos critérios de concessão de crédito e uma maior instabilidade no mercado. A recuperação judicial no agronegócio brasileiro é um tema que precisa ser abordado com cuidado, considerando as implicações práticas para os produtores e os bancos. É importante encontrar soluções que promovam a estabilidade e a segurança no crédito agrícola, garantindo que os produtores rurais sejam capazes de se manter no mercado e contribuir para a economia do país.