Entre janeiro e setembro de 2025, os seguros de pessoas no Brasil movimentaram R$ 58,6 bilhões em prêmios, alta de 8,8% frente ao mesmo intervalo de 2024. O resultado coloca o segmento como um dos poucos mercados de ativos financeiros que crescem acima da inflação acumulada no período (5,2%), ampliando a fatia da proteção privada no PIB e reduzindo a dependência de transferências públicas em eventos adversos. A expansão reflete a combinação de inflação mais controlada, taxa de desemprego em queda (de 8,3% para 7,1%) e aumento real da massa salarial, que liberou renda doméstica para contratação de coberturas de vida, acidentes pessoais e doenças graves.

O crescimento de 8,8% ocorre num ambiente de juros reais ainda elevados — a taxa Selic está em 9,25% a.a. — que, ao elevar o custo de financiamento das seguradoras, tende a ser repassado ao preço das apólices. Mesmo assim, a demanda manteve-se dinâmica: o seguro de vida individual subiu 14%, o de vida em grupo avançou 9% e o de doenças graves cresceu 20%, refletindo a percepção de risco por parte das famílias e a oferta crescente de planos via canais digitais. Do total de prêmios, 48% vieram de vida, 28% de prestamista e 12% de acidentes pessoais, perfil que mostra a ligação entre mercado de crédito — que cresceu 10% no mesmo período — e necessidade de garantir o pagamento de dívidas em caso de morte ou invalidez. A Fenaprevi estima que cada ponto percentual de queda no desemprego adiciona cerca de 0,8 ponto ao estoque de prêmios, evidenciando sensibilidade cíclica do setor.

Do lado das indenizações, as seguradoras desembolsaram quase R$ 13 bilhões em nove meses, montante 7% superior ao de 2024, com 53% destinados a cobertura de morte e 21% a invalidez permanente. O sinistro médio cresceu 4%, abaixo da variação nominal dos prêmios, indicando melhora na seleção de risco e maior uso de tecnologias de análise de dados. Para a economia, o efeito estabilizador é direto: ao injetar recursos líquidos de cerca de R$ 4,5 bilhões nas contas das famílias depois de deduzidas as retrocessões de resseguro, o setor reduz a necessidade de seguro-desempenho e outras transferências públicas, liberando gastos do governo para investimento produtivo. Adicionalmente, o crescimento do segmento impulsiona a demanda por serviços médicos, advocacia e tecnologia da informação, gerando um efeito multiplicador estimado em 1,4 vezes o valor dos prêmios sobre o nível de atividade.

A estrutura de financiamento do setor também altera o quadro macrofinanceiro: 62% dos ativos das seguradoras estão em títulos públicos, de modo que o aumento de prêmios eleva a demanda por NTN-Bs e contribui para a sustentação dos preços dos papéis indexados à inflação, reduzindo o premio de risco implícito. Por outro lado, o crescimento acelerado de planos com cobertura de longo prazo, como educacional e aposentadoria com cobertura por sobrevivência, amplia o passivo em termos de duration, obrigando as companhias a alongar a carteira e a ampliar o hedge de juros. Em termos de balanço externo, o setor é importador líquido de resseguro, com déficit de cerca de US$ 1,2 bilhão no ano, o que, somado ao crescimento dos prêmios, pressiona a conta de serviços no primeiro semestre, embora o impacto sobre o real seja parcialmente compensado pela entrada de capitais associados a investimentos estrangeiros nas seguradoras locais.

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