Washington, 30 nov (Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou neste domingo ter conversado com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sem revelar o conteúdo da ligação. A conversa, noticiada inicialmente pelo New York Times, ocorreu em meio ao endurecimento da retórica dos EUA contra Caracas, incluindo declarações sobre o fechamento do espaço aéreo venezuelano e a preparação de operações militares na região.
Veja também
* Você permanecerá em nosso site.
A ligação foi revelada enquanto o governo Trump estuda opções contra Maduro, acusado de envolvimento com o narcotráfico — alegação que o líder venezuelano nega. Autoridades norte-americanas disseram à Reuters que entre as alternativas analisadas está uma tentativa de derrubar o governo de Maduro. Desde abril, os EUA intensificaram a presença militar no Caribe com o objetivo declarado de combater o tráfico de drogas, realizando quase três meses de operações contra embarcações suspeitas próximas à costa venezuelana. Trump também autorizou ações secretas da CIA na Venezuela.
No sábado, Trump afirmou que o espaço aéreo da Venezuela deveria ser considerado “fechado em sua totalidade”, sem detalhar se a medida implicaria ação militar. Questionado sobre a possibilidade de ataques iminentes, respondeu: “Não tire conclusões sobre isso.” A declaração gerou inquietação em Caracas, onde o governo não se pronunciou sobre a ligação. Em coletiva de imprensa no domingo, o presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Jorge Rodriguez, desviou do assunto ao ser perguntado sobre o contato, limitando-se a anunciar uma investigação parlamentar sobre os ataques dos EUA a navios no Caribe.
O episódio marca mais um capítulo da tensa relação entre os dois países. Trump tem combinado pressão diplomática e militar com sinais de abertura para negociações. Em 2019, os EUA reconheceram o então líder opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, rompendo relações com Maduro. Agora, a revelação de uma conversa direta entre os dois líderes indica uma possível mudança de estratégia — ou ao menos um canal de comunicação ativo — enquanto Washington mantém o discurso duro contra o regime venezuelano.